Páginas

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Capítulo 03 de 18

Descoberta

Sentia meu corpo diferente, meu reflexo no espelho parecia mostrar outra pessoa, meu coração palpitava e os pensamentos se soltavam da minha mente como bolhas de sabão. Não havia como saber. Restavam ainda diversos dias para o ciclo menstrual e eu tinha que esperar até lá para dar início à fase dos testes, se é que o ciclo atrasasse.


Certa noite, uma segunda-feira, eu e o Daniel, já recolhidos na cama para dormir, fazíamos nosso “Evangelho no Lar” como de habitual, e incumbida de fazer a leitura de uma página aleatoriamente, mentalizei a pergunta: “Senhor, será mesmo que estou grávida?”. Ao abrir o livro, foi tanta a minha surpresa que não agüentei a emoção, a garganta travou, a voz emudeceu e as lágrimas escorreram sobre o meu rosto. Sem saber o que se passava, o Daniel preocupado, perguntou o que havia acontecido. Virando meu rosto para ele, respondi: “Estou grávida!”. Espantado, ele perguntou como havia chegado àquela conclusão, e eu lhe mostrei a página de preces que dizia “Por uma criança que acaba de nascer”. Abraçamo-nos carinhosamente e lemos aquelas páginas bastante emocionados. Não foi preciso fazer nenhum teste para saber que estávamos esperando um bebê. O Senhor respondeu à minha pergunta naquela noite.

Ainda assim, esperamos ansiosamente o dia previsto para o ciclo. Com um dia de atraso, compramos o teste de urina, destes simples vendidos em farmácia. Ao ler as instruções, mais ansiedade: teríamos que esperar até o dia seguinte para utilizar a primeira urina da manhã. Fomos dormir mais cedo para que o outro dia chegasse mais rápido. Ao acordar, enquanto o Daniel preparava nosso café, corri ao banheiro para fazer o teste. Li novamente as instruções para que não houvesse erro. O teste acusou o que já sabíamos: eu estava mesmo grávida. A alegria foi imensa, mas ainda assim era apenas um teste de farmácia. Para não haver mais qualquer tipo de dúvida, era necessário fazer o teste de sangue. Imediatamente liguei para a minha médica para que ela preparasse formalmente o pedido do exame de sangue. No dia seguinte, fui buscar a guia médica e em seguida me dirigi ao laboratório. Fiz o exame e aguardei o resultado que estaria disponível na mesma noite pela internet. No horário previsto, o resultado estava pronto, mas causou ainda mais dúvida. Ao contrário do que eu pensava, não havia nenhum campo dizendo “positivo” ou “negativo”. Havia apenas um número e as semanas relativas de gestação para cada média desse número. Pelo o que nós podíamos entender, parecia positivo, e embora o Evangelho e o teste de urina indicassem a gestação, eu me sentia meio anestesiada e só acreditaria de verdade com a confirmação médica.

No dia seguinte, pela manhã, passamos um fax com o resultado para o consultório e ficamos no aguardo do retorno da Dra. Tânia, minha médica ginecologista na época. Fui para o trabalho e na primeira folga liguei para ter notícias. Assim que a secretária atendeu, eu logo me identifiquei:

- Alô, boa tarde, aqui quem fala é a Kelly, paciente da Dra. Tânia, tudo bem?

Mediante a sua resposta, se ainda havia qualquer dúvida, ela acabou naquele momento:

- Ah, sim. A grávida?

Espantada e com os olhos marejados d’água, respondi:

- Não sei! Estou mesmo?

- Está sim. Parabéns!


Kelly Cecilia Teixeira


Nenhum comentário:

Postar um comentário