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quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Capítulo 04 de 18

Exames iniciais

Por indicação da Dra Tânia, que não estava mais atuando na área da obstetrícia, marcamos uma primeira consulta com o Dr. José Domingos, que acompanharia todo o pré-natal. Porém, ela mesma se adiantou e pediu os exames iniciais, de sangue, urina e a primeira ultra-sonografia, que realizei corretamente como recomendado.


A primeira ultra-sonografia obstétrica foi acompanhada com muita emoção por mim e pelo Daniel. Porém, como descobrimos a gestação ainda muito no início, havia pouca coisa a ser vista, e como pais de primeira viagem, tudo era muito novo e diferente. Só pudemos ver o saco gestacional e a vesícula vitelina, que são as primeiras estruturas a se formarem. Com uma gestação prevista de aproximadamente 05 semanas, ainda não era possível enxergar o embrião. Ainda assim, saímos do laboratório radiantes de alegria.

Sem conseguir conter a curiosidade, abri os resultados dos exames para saber se estava tudo certo. Mesmo sem entender a linguagem médica, a impressão era que estava tudo dentro da normalidade, exceto por uma observação no ultra-som: “ausência de eco embrionário”. Aquela frase me chamou a atenção e me deixou preocupada, mesmo sem ter a menor ideia do que significava. Corri para a internet para pesquisar aquele diagnóstico. Sem conseguir achar nenhum site muito confiável, fiquei ainda mais apreensiva, pois o resultado das buscas indicava a possibilidade do embrião não ter se desenvolvido. Meu coração quase saía pela boca e eu não poderia agüentar calmamente todos aqueles dias que restavam para a consulta com o Dr. José Domingos. Assim, enviei um outro fax para a Dra. Tânia, que pediu a repetição do exame dali a uma semana.

Conforme a recomendação, depois de uma semana, compareci ao laboratório novamente, mas desta vez quem me acompanhava era a minha mãe. Infelizmente, um imprevisto causou ainda mais apreensão. Como tive que marcar o exame excepcionalmente de uma semana para outra, não havia vaga na unidade onde eu estava acostumada, assim o exame seria feito na mesma rede de laboratórios, porém em outra unidade. Sem saber corretamente como chegar ao destino, nos perdemos várias vezes no caminho e chegamos dez minutos atrasadas do horário agendado. Por esse motivo, o médico de plantão se recusou a realizar o exame. Confusa e assustada insisti veementemente com as atendentes para que o convencessem a fazer o ultra-som, sem resultado. Naquele momento os hormônios todos afloraram e comecei a chorar copiosamente, pois não agüentaria ficar mais uma semana sem saber se meu bebê estava bem. Vendo meu desespero, as atendentes tentavam achar uma vaga de urgência em todas as outras unidades da rede, sem sucesso. Minha mãe, por outro lado, ligava para outros laboratórios, mas também todos lotados. Quase três horas depois, a enfermeira chefe conseguiu uma vaga na cidade de Guarulhos, vizinha a São Paulo, para onde nos dirigimos imediatamente.

Chegando lá, ainda tivemos problema com a ficha médica, já que o meu convênio cobria apenas a cidade de São Paulo. Generosamente, vendo que estávamos com os nervos à flor da pele, o atendente autorizou a realização do exame, considerando que era um pedido de urgência e um encaminhamento de uma unidade pertencente ao município de São Paulo. Assim, era só aguardar o chamado do médico.

Poucos minutos depois, estávamos dentro do consultório realizando o exame. Para o meu conforto e alegria, estava tudo bem com o embrião. Uma semana depois do primeiro exame, ele havia se desenvolvido consideravelmente e embora tivesse apenas poucos milímetros de tamanho já era possível ouvir seu coração.

Ouvir o coração do meu bebê pela primeira vez foi uma sensação indescritível. Meu corpo flutuava. A sala rodava. Tudo em volta tinha ficado embaçado e eu só tinha olhos para aquele ponto pulsante no monitor do aparelho. A voz do médico parecia distante, meio em câmera lenta, sentia minha mãe segurando a minha mão, e como se todos os outros sons silenciassem, eu só ouvia os batimentos fortes e acelerados do meu... filho. Foi incrível.

Como se eu tivesse saído de um sonho doce e acordado para a realidade, fui despertada pela voz firme do médico:

- Não se preocupe. Está tudo bem com o seu bebê.

Aliviadas, eu e minha mãe voltamos para o carro para irmos para casa. Mas antes, eu quis ligar para o Daniel pra dar-lhe a boa notícia. Ao ouvir a voz doce do meu amado, chorei de emoção. Ao desligar o telefone, minha mãe pediu para que eu não chorasse tanto, pois segundo ela, gestantes não poderiam se emocionar com tanta freqüência, o que poderia fazer mal para mim e para o bebê. Assim, recomendou que eu tentasse me manter mais tranqüila.

Mal sabíamos quantas emoções viveríamos nesses meses de gestação...


Kelly Cecília Teixeira


2 comentários:

  1. Kelly querida.....estou completamente emocionada e tomada de lágrimas......alguns desses sentimentos eu também tive e sei exatamente o q vc está dizendo.....é muito louco tudo isso.....cada dia q passa, cada capítulo q leio vou tendo mais certeza de q vc e o Daniel são seres abençoados e iluminados e q receberam a missão de cuidar e amparar um anjo chamado Miguel!!!! Q Deus continue abençoando vcs e tenho fé q logo, logo vcs terão muitos motivos pra comemorar ainda mais!!! bjs no coração de vcs e fiquem em paz!!!

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    1. Oi, querida. Obrigada pelas palavras. Adorei ser mãe e vou adorar quando acontecer de novo. Você, mais do que ninguém, sabe o quanto somos capazes de fazer por nossos filhos. Parabéns pela sua força também. Vocês mercem todas as alegrias do mundo. Um beijo!

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